Participação de deficiente auditivo marca perfil inclusivo do Auto da Liberdade

Voltando ao seu local de origem, a Estação das Artes Eliseu Ventania, o Auto da Liberdade, também volta a assumir sua proposta inicial de ser um espetáculo democrático, possibilitando ao cidadão contar sua história, como protagonista em cena. A participação do estudante de Ciência e Tecnologia,  da Universidade Federal Rural do Seminário (UFERSA), João Neto,  marca também o perfil inclusivo do espetáculo. Ele é o primeiro surdo a participar do Auto da Liberdade.

O coordenador do Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (NUCA), Heverton Cândido, explica que João Neto sempre gostou de teatro e quando viu que a comunidade poderia participar, se inscreveu. “Vale ressaltar que a arte, ela é inclusiva, promove uma ampla reflexão sobre diversidade e respeito, que são temas importantes para construção de uma sociedade mais igualitária, que através do espetáculo Auto da Liberdade, que assume esse perfil, só mostra que estamos garantindo e efetivando o direto das pessoas com deficiência nos espaços culturais”.

João Neto afirma que quando soube da oportunidade de participar do Auto da Liberdade, resolveu se inscrever. Ele conta que o interesse surgiu em 2010 quando participou de uma apresentação teatral com pessoas de sua escola, e a partir de então, sempre teve o desejo de participar de outros eventos. Esta é a primeira vez dele no espetáculo, e garante que quer participar das próximas edições.

“Quando soube da oportunidade de participar do Auto da Liberdade, resolvi me inscrever pois preciso mostrar para toda a sociedade que sou surdo e sou capaz de falar tudo que desejar, inclusive de participar de um espetáculo tão importante para nossa cidade. Tenho muito orgulho disso! E sei da minha grande responsabilidade em participar do Auto da Liberdade  que é  muito mais profundo em relação a interpretação, tanto no texto quanto na dança”, comenta.

Durante os ensaios do espetáculo, o estudante conta com a ajuda de um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Ele diz que convidou o intérprete para lhe ajudar na comunicação com o produtor do espetáculo, já que tem momentos que não consego entender o que está  sendo falado, devido sualíngua materna ser a língua brasileira de sinais.

Para o diretor geral do espetáculo, Marcelo Flecha, por ser um espetáculo democrático, um espetáculo que possibilita ações de cidadania muito intensas,  permitindo que o cidadão se apropriasse do discurso de cidadania, se apropriasse de sua história, como protagonista, não como figurante. Essa proposta democrática do Auto da Liberdade sempre tratou o cidadão como protagonista, que faz a cena, que constrói a cena.

“A participação de João Neto ela só responde a nossa proposta de encenação, ou seja, um espetáculo inclusivo, que possibilita que qualquer cidadão ou cidadã mossoroense venha contar a sua história independente da sua condição. Foi assimilado com naturalidade como sempre deve ser, mas dadas as condições mínimas de aproveitamento e acessibilidade  para que ele pudesse desenvolver as atividades do ensaio sem maiores preocupações nem dificuldades”, ressalta.

 

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