Ode a São João

Véspera de São João.

Um dia espero ver meu Nordeste e meu Sertão comemorar a festa de seu grande Padroeiro novamente sob os foles sagrados das sanfonas, das batidas divinas das zabumbas e dos tilintar mágico dos triângulos.
Espero comer milho assado tirado da fogueira, canjica feita em panela de ferro e pilada na força como vovó fazia.
Espero que meu menino entenda que a força de nossa identidade se faz desses elementos simbólicos – alimentares, musicais e de habitus – e que até podem mudar (por que sempre mudam), mas não podem ser substituídos por matrizes alienígenas.
Em cada elemento citado (e dos não citados) está o caboclo renascido, o tapuia perdido, o negro feito escravo e depois feito vaqueiro e cantador, o moleque sabido branco e sarará, a menina dengosa e faceira a querer namorar.
Não deixem nossas tradições morrerem. Dance forró, xamego e xote. Coma pamonha e beiju. Fale arrastado, faça simpatias e reze para Sto. Antônio lhe arrumar um (a) companheiro (a).
Viva São João! Viva meu Nordeste tão amado. Eu que nem aqui nasci, mas que aqui trago toda minha identidade e meu mais profundo amor.

Thadeu Brandão (galego que tomou água de chocalho quando menino e que cresceu ao ritmo da sanfona e se alimentando de cuzcuz e tapioca).