O Turismo, o Mossoró Cidade Junina e o emprego

Sempre defendi que Mossoró se posicionasse não só como atração turística principal, mas também como polo. Não apenas para serviços, comércio, educação ou medicina. Podemos ser ponto de partida e de apoio para as salinas, as serras, praias, fazendas de fruticultura e tantas outras atrações que nossa região oferece.

O turismo de eventos foi destaque até aqui, entretanto temos três grandes desafios pela frente: a Rota das Falésias, projeto do Sebrae em parceria com a iniciativa privada, o Parque Nacional da Furna Feia, com mais de 200 cavernas catalogadas, e o aeroporto Dix-Set Rosado, que funcionando com voos regulares, definitivamente coloca Mossoró nos roteiros turísticos nacionais e internacionais.

A Copa do Mundo de Futebol fez com que o turismo representasse 9,5% do PIB (R$ 466,6 bilhões) brasileiro em 2014. O número é superior a média mundial, que é de 2,5%. Cito alguns exemplos de eventos que têm sua importâcia na economia: em Santa Catarina a Oktober Fest; No Pará o Círio de Nazaré; no Amazonas o Festival de Parintins; na Bahia o Carnaval; na Paraíba o São João do Mundo.

Temos Mossoró Cidade Junina, criado em 1996 e mais alguns exemplos, de iniciativa do Poder Público, o Auto da Liberdade, carnaval, Natal Luz e Festa do Bode, e de iniciativa privada podemos citar o Mossoró Moto show, Festival Aéreo, Ficro, Expofruit, Vaquejada, Feira do Livro, Mossoró Mix e tantos outros. Todos, de uma forma ou de outra, recebem apoio público.

Um evento do porte do Mossoró Cidade Junina precisa ser planejado de um ano para o outro. A partir deste ano, já estaremos pensando na edição 2018 logo ao término da edição 2017. Para realizar convênios e captar recursos, é necessário enviar projetos ainda no ano anterior. Os grandes bancos e empresas fazem o planejamento de um ano para o outro, isso significa que os projetos para patrocínio deste ano deveriam ter sido enviados ainda no ano passado.

O contratante que chega depois, corre o risco de não conseguir contratar artista desejado naquela data ou de pagar mais caro por isso. A mesma lógica serve para as empresas que alugam palcos, iluminação, banheiros químicos, transporte ou segurança. É preciso, sem dúvida, haver planejamento.

Outro ponto delicado é a burocracia e necessidade de realizar todo o processo licitatório com a maior transparência, prestando todas as informações à sociedade e aos órgãos de controle. A licitação pode envolver desde a alimentação servida ao pessoal da segurança, dos banheiros químicos distribuídos pelas ruas ao redor do evento, dos artistas que se apresentam no Chuva de Bala, trio elétrico, brinquedos, iluminação, estandes e tendas, segurança, transporte, até os artistas e bandas. Até uma cidade cenográfica precisa ser montada. É um número colossal de documentos e prestação de contas.

A iniciativa privada também tem um papel importante no contexto do evento. Vejamos o caso do Pingo da Mei Dia. Quantos camarotes são montados? Quantas pessoas são contratadas para trabalhar nestes espaços? Quanto de bebida e comida é comercializada? Quantos ambulantes ganham dinheiro ali? Quantos freezers, ar-condicionados, luzes e serviços de som são alugados? Quantos quartos de hotel são ocupados? Quantos pratos nos restaurantes são vendidos com o público que vem para o evento?

O Mossoró Cidade Junina é por Lei um Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Norte. Precisamos adequá-lo às novas realidades, levá-lo para outros pontos da cidade, descentralizar e democratizar o evento. O Mossoró Cidade Junina é nosso, é do povo de Mossoró, é do povo do Rio Grande do Norte.