O tamarineiro da Praça da Matriz – Wilson Bezerra

O pesquisador e escritor Alípio Bandeira fez referência em artigo pulicado na edição de O Mossoroense, em abril de 1907, a uma árvore frondosa, um tamarineiro que existiu ao lado da Matriz de Santa Luzia, onde ali há ao lado um posto de táxi, secundado por um busto do monsenhor Huberto, ex-páraco da Diocese de Mossoró.

Aquela árvore, com duração de mais de duzentos anos, serviu para fazer parte da história de Mossoró, de sua formação geográfica e populacional. Dita árvore era útil aos comboieiros que vinham do alto sertão com o fim comercial de negociar, entre outros produtos, o sal da região salineira.

Os comboieiros aproveitavam a sombrosa árvore, amarravam os animais e armavam suas redes para descansar e depois prosseguiam viagem. Numa dessas empreitadas os irmãos Pedro e Zacarias aproveitaram o momento e decidiram se radicar na região, construindo moradias, que no final das contas foram doze casas de moradores.

Os irmãos Pedro e Zacarias, por considerarem de significativa importância a tamarineira, a denominaram de Adão, por proporcionar a edificação de casas ao seu redor. Um vereador mossoroense de nome Antônio Cordeiro Botija criou uma lei que viria proibir terminantemente cortar qualquer galho ou danificar a frondosa tamarineira, mesmo por ser de utilidade aos comboieiros e transeuntes, além de moradores dos arredores. O documento formal do vereador foi firmado no ano de 1835, segundo informação histórica do arquivo Raibrito, tramitado na Assembleia da Câmara.

Portanto, consta na história desse tamarineiro que fazia  ponto de afluência não só dos comboieiros mais de pessoas que aos poucos foram se agregando, sob a orientação dos irmãos Pedro e Zacarias, os quais implementaram as primeiras construções. Os dois irmãos ajudaram bastante o capitão Mor Antônio de Souza Machado na empreitada da edificação da primitiva vila mossoroense.

Até a década de cinquenta o tamarineiro brotou suas folhas, abrilhantando não só os comboieiros, mas a população mossoroense, que já vivia no regime de cidade próspera. É duradouro para a história o propósito que teve a árvore de direcionar nova visão à narrativa da formação geográfica e populacional de Mossoró, que hoje, decorridos séculos, rever importância da acolhedora sombra.