O abismo da Câmara Municipal

 

Estamos prestes a concluir o ano legislativo da Câmara Municipal e continuamos a assistir um espetáculo de mau gosto, um show de horrores patrocinado por alguns que querem pelo fim da força brindar aquele que é considerado o pior prefeito da história de Mossoró com um naco de poder por mais alguns anos.

O que vemos no Legislativo sob a presidência do mesmo partido que governa o Rio Grande do Norte através do presidente estadual do partido, governador Robinson Faria, e a prefeitura de Mossoró, através de Francisco José Jr, parece ser característica comum aos três homens que receberam essa responsabilidade.

Na Câmara Municipal, sem dar explicações de como o que deveria ser um saldo superior a R$ 3 milhões se transformou num débito superior a R$ 1 milhão (R$ 4 milhões de diferença), o presidente exonerou 90% dos cargos dos gabinetes dos vereadores, pagou os direitos trabalhistas de apenas alguns mais ligados a ele.

Além dessa pérola administrativa-financeira, querem criar, com o apoio do presidente e do líder da bancada governista, que se esforçam de forma hercúlea, uma agência reguladora que cria trina cargos comissionados, um cargo de semideus que não pode ser exonerado e despesas que podem passar de R$ 2 milhões ano.

O prefeito cerca vereadores na tentativa de aprovar o projeto que lhe permitirá indicar um pupilo que terá salário de R$ 11.700 sem a menor possibilidade de ser exonerado do cargo, que, sem necessidade de prestar contas, terá um orçamento milionário. É uma mini prefeitura dentro da PMM.

Alguns vereadores se comportam como se em desenho animado estivessem. Nos cartoons, quando o chão se abre, o personagem continua andando até olhar para baixo e percebem não há nada sob seus pés. Se não olhassem, atravessariam o abismo. Esse abismo é a distância entre o que eles estão fazendo e o que a sociedade espera.

Triste fim de legislatura esse da Câmara Municipal de Mossoró. A população assiste, decepcionada, a arena em que se transformou o plenário da Casa. Ao invés de uma arena onde se debatem grandes temas importantes para a cidade, ela assiste um presidente que grita colegas e não contribui em nada para o engrandecimento das discussões.

Não fui candidato à reeleição por considerar que dei minha contribuição ao Legislativo, mas continuarei, como cidadão e comunicador, observando os trabalhos da Casa, na torcida de que a próxima legislatura possa eliminar o abismo, exercer um bom trabalho e levar os grandes debates à Câmara Municipal de Mossoró.