Na jornada evolutiva – Francinaldo Rafael

Caso houvesse a publicação de uma lei geral para a finitude do ser humano, certamente o artigo  primeiro seria: “Todos são iguais perante a morte, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a toda a população mundial a inviolabilidade desse direito”.

Diariamente, a todo instante, dos quatro cantos da Terra partem milhares rumo ao país da morte. Saem de grandes centros culturais, de velhos círculos ainda materialmente atrasados, das metrópoles, das tribos, vilas, campos, etc. Em resumo: ninguém escapa, independente de raça, cor, pobreza, riqueza…

Conforme nos lembra o Espírito Emmanuel no prefácio da obra No Mundo Maior, psicografada por Chico Xavier, raros viveram sublimados realizando deveres nobres. A maioria ainda se constitui de pequenos em espíritos, lutando por títulos que lhes exaltem a personalidade. Muitos se acomodaram em vícios diversos, trilharam caminhos insensatos, e quase sempre se diziam “eleitos da Providência”. Nessa ilusão justiçavam o próximo sem olhar as próprias faltas. O paraíso estava reservado a si e o inferno para os outros.

Visto que após a morte do corpo físico o destino de todos é o mundo espiritual, como abrigar na mesma estação Espíritos oriundos de culturas, posições e bagagens tão diferentes?

Perante a Justiça Divina, todos tem o mesmo direito. “Provavelmente, porém, estão distanciados entre si, pela conduta individual, diante da Lei Divina, que distingue, invariavelmente, a virtude e o crime, o trabalho e a ociosidade, a verdade e a simulação, a boa vontade e a indiferença. Da contínua peregrinação do sepulcro, participam, todavia, santos e malfeitores, homens diligentes e homens preguiçosos”, diz Emmanuel.

Visto que o dicionário divino ressalta as palavras “regeneração”, “amor”, “misericórdia”, não há como avaliar por uma única medida cada indivíduo. Por exemplo, o selvagem que eliminou semelhantes a flechadas, teria recebido as mesmas oportunidades de aprendizado que o europeu supercivilizado que mata o próximo à metralhadora? Ambos estariam aptos a ingressar no paraíso apenas por arrependimento ou cultos exteriores? O próprio Emmanuel responde: “A lógica e o bom senso sem sempre se compadecem com argumentos teológicos imutáveis. A vida nunca interrompe atividades naturais por imposição de dogmas estatuídos de artifício”. Enfatiza ainda lembrando que se uma obra de arte humana exposta num museu exigiu anos para ser empreendida e realizada, que dizer da obra sublime de aperfeiçoamento da alma, destinada a glórias inalteráveis?

Para a aquisição de riquezas imperecíveis, jamais será através de felicidade improvisada. Sempre através da sabedoria e do amor. A morte não proporcionará acesso gratuito para a glória celeste. Nem transformará homens em anjos. “Cada criatura transporá essa aduana da eternidade com a exclusiva bagagem do que houver semeado, e aprenderá que a ordem e a hierarquia, a paz do trabalho edificante, são características imutáveis da Lei, em toda parte”.