Museu Câmara Cascudo promove discussões sobre a violência no RN

Por Igor Duarte

Na próxima quinta-feira, 18 de maio, é comemorado o Dia Internacional dos Museus. Para celebrar a data, o Museu Câmara Cascudo (MCC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), preparou uma série de atividades voltadas para a discussão das diferentes formas de violência que afetam a sociedade. A programação será realizada a partir desta terça-feira, 16, e segue até o próximo dia 20. A entrada é gratuita.

Em sua 15ª edição, a semana possui como tema “Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus”. Com o subtema “Qual é sua violência?”, o MCC escolheu destrinchar esse assunto devido à recorrência do mesmo no contexto do Estado.

“Essa temática tem sido tão presente em nossa realidade que achamos por bem pegá-la como uma maneira da universidade se envolver e dar a sua voz nesse debate”, explica o diretor do MCC, Everardo Ramos.

O diretor destaca ainda a importância da desconstrução da imagem de museu como um espaço onde se guarda coisas antigas e que apenas remete ao passado.

“A ideia atual de museu vai muito além disso. Hoje em dia você pode, por exemplo, visitar da sua casa o Museu do Louvre, em Paris, virtualmente. O Museu Câmara Cascudo quer entrar nessa onda. Queremos nos modernizar e vimos nessa semana de museus e na escolha do tema sobre violência uma oportunidade para afirmar isso de forma incisiva”, ressalta.

Programação

Durante toda a semana serão realizadas exposições, visitas mediadas, palestras, debates, oficinas, conferências, mostras de cinema e apresentações teatrais, envolvendo uma programação especial para o público infanto-juvenil.

Temas como violência contra mulher, bullying e desrespeito ao meio ambiente serão abordados durante a programação, que pode ser conferida no site do Museu e na página do evento no Facebook.

Para Moysés Siqueira, Arqueólogo e coordenador técnico-científico e cultural do MCC, a escolha do tema permitiu a diversidade na programação. Ele ministrará a palestra “Violência: uma perspectiva arqueológica”, juntamente com o arqueólogo Luciano Sousa, a partir das 9h no dia 18 de maio.

“A violência perpassa várias áreas da sociedade, então, a complexidade dessa programação é a complexidade que o tema oferece. Um desafio que a gente tenta enfrentar através de vários olhares”, afirma.

A programação contou também com parcerias externas, como é o caso do A Cidade e seus Sentidos, promovido pelo projeto De Fora Adentro no salão de entrada do Museu. Assinado pelo Instituto Casadágua, em parceria com o Departamento de Arquitetura da UFRN, o projeto conta com uma imagem aérea da cidade de Natal impressa em banner e colocada no chão para que os visitantes possam caminhar sobre a imagem e deixar seu registro. Maurício Panella, idealizador do De Fora Adentro, mediará, dia 18 a partir das 8h30 e dia 20 a partir das 14h, rodas de conversa sobre a violência nas escolas.

A desigualdade social e o racismo também serão abordados no evento. O projeto teatral Debaixo da Pele, partindo de uma pesquisa histórica de textos, músicas, matérias de jornal e da vivência dos próprios envolvidos na composição cênica do espetáculo, debate o papel do negro na sociedade e faz uma retrospectiva de seu percurso, desde a chegada ao Brasil até os dias atuais.

Na programação infanto-juvenil, os temas serão tratados de maneira lúdica com exibições de vídeos, jogos teatrais e oficinas de criação de mamulengos.

O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte é um dos temas mais presentes entre as atividades da semana. Na quinta-feira, 18 de maio, a partir das 18h, ocorre a conferência Sistema prisional: uma história de sucessos ou de fracassos? Apresentada pelo professor Durval Muniz de Albuquerque, do Departamento de História da UFRN.

Entrevista com Everardo Ramos sobre a Semana do Museu (Foto: Anastácia Vaz).
Entrevista com Everardo Ramos sobre a Semana do Museu (Foto: Anastácia Vaz).

Ainda na quinta-feira, às 19h30, será realizada a abertura da exposição de fotos de Numo Rama intitulada Póstumos: arqueologia do descaso. O espaço preparado especialmente para o evento reúne os registros fotográficos feitos em 2006 na Penitenciária João Chaves, conhecida popularmente como Caldeirão do Diabo.

Numo Rama conseguiu autorização para frequentar a penitenciária e tirar as fotos antes de seu fechamento, como relata Everardo Ramos, “dessa experiência surgiu esse ensaio que é muito forte. Ele interfere na fotografia e prefere, por exemplo, a fotografia analógica. Além disso, estamos criando uma cenografia que valoriza as imagens. O ambiente da exposição vai remeter a um presídio”, afirma.

A mostra conta com 23 fotos inéditas e seguirá aberta à visitação até o dia 19 de novembro. Após esta data, as fotos devem circular pelo interior do Estado por meio da Rede Universitária de Museus (Rumus).

No sábado, último dia do evento, será realizada A Noite da Paz, que contará com feira fotográfica e apresentações artísticas da CIA de Dança Remix, poeta Gonzaga Neto, Orquestra Potiguar de Clarinetas, André Rangell e Opus Sinfonicus. O momento de celebração contará também com a presença de foodtrucks no local.

O MCC está funcionando em novos horários abrindo às 8h30 e fechando às 18h. Após a semana de museus abrirá também aos domingos das 12h às 18h.

Mais informações sobre a Semana de Museus podem ser obtidas por meio do site do MCC ou pela página do Museu no Facebook.

Da Agência de Comunicação da UFRN.