“Mossoró não tinha duas maternidades, tinha duas meias maternidades”, afirma Secretário de Saúde do RN

A Câmara Municipal de Mossoró (CMM) realizou, na manhã desta quinta-feira, 13 de outubro, audiência pública para discutir o fechamento do Hospital da Mulher Parteira Maria Correia. Com as galerias da Câmara lotadas, a audiência foi marcada por tensão, sobretudo nos momentos de fala do titular da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), George Antunes.

“É preciso entender que ampliar os atendimentos em Saúde não é construir mais hospitais, mas fazer com que os hospitais existentes funcionem. Ao contrário do que se falou aqui na Tribuna, Mossoró não tinha duas maternidades, tinha duas meias maternidades. Com a transferência do Hospital da Mulher para a Maternidade Almeida Castro, iremos poupar recursos, medida muito importante, sobretudo neste momento de crise”, afirmou o secretário.

George Antunes apresentou ainda dados sobre o custo e lotação do Hospital da Mulher e declarou que, enquanto o Governo Federal repassa R$ 449 mil para manutenção da unidade através dos programas Rede Cegonha e Urgência e Emergência, a unidade custa ao Estado R$ 3,320 milhões.

“Com uma manutenção de mais de R$ 3 milhões, o Hospital da Mulher representa um prejuízo financeiro de R$2,871 milhões por mês ao Estado. Tudo isso para uma pequena quantidade de partos realizados. A própria OAB disse aqui que o Hospital da Mulher chegou a suspender os atendimentos seis vezes, mas a população de Mossoró não deixou de ser atendida, pois tem a Maternidade Almeida Castro, que conta com serviço muito próximo da excelência”, afirmou o secretário.

A fala de George Antunes foi acompanhada por protestos das galerias e de representantes do Hospital da Mulher.

Contrariando a afirmação do secretário da Sesap sobre a qualidade de serviços prestados na Maternidade Almeida Castro, o pediatra Watson Peixoto denuncia problemas como falta de insumos e demonstra preocupação com o aumento da demanda na unidade.

“Hoje, a Maternidade Almeida Castro não tem condições de atender a toda a demanda de Mossoró e região. Mesmo a pós a reforma e ampliação, me preocupam questões que o secretário ainda não esclareceu. Se quando nós tínhamos duas maternidades, com duas fontes de pagamento, nós enfrentávamos falta de insumos, como será com apenas uma unidade? Atualmente trabalhamos praticamente em cenário de guerra”, disse o pediatra.

Ausência do MP e do Judiciário na audiência é criticada

Participaram da audiência vereadores, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Prefeitura de Mossoró e da Igreja Católica, do Conselho Municipal de Saúde e do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), além de funcionários e pais de crianças nascidas no Hospital da Mulher.

A ausência de representantes do Ministério Público e do Judiciário foi criticada por muitos dos que falaram à Tribuna, uma vez que a transferência do Hospital da Mulher foi determinada por decisão conjunta das Justiças Federal, Estadual e do Trabalho no final do mês passado.

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