Lula, Nicolás Maduro e Cristina Kirchner denunciam golpe contra Evo

golpe de Estado na Bolívia gera repercussões neste domingo (10), mobilizando políticos, movimentos populares, especialistas e militantes em geral. Por meio de seu perfil no Twitter, o ex-presidente Lula (PT) destacou que Evo Morales foi “obrigado a renunciar”. “É lamentável que a América Latina tenha uma elite econômica que não saiba conviver com a democracia e com a inclusão social dos mais pobres”, completou o petista, classificando o contexto boliviano como “golpe de Estado”.

Adotando tom semelhante, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) provocou a Organização dos Estados Americanos (OEA): “A OEA abriu caminho para o golpe na Bolívia. Podia se manifestar sobre o que acha dos últimos acontecimentos”. A declaração é uma referência à proposta feita pelo organismo de anular o primeiro turno das eleições bolivianas, com realização de um novo pleito no país.

 

A líder da minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que teme pelos segmentos indígenas, mulheres, camponeses e organizações sociais e ressaltou que o país de Morales é “uma das economias que mais cresciam, garantidora de direitos e recuperação da seguridade social”. Em um posicionamento oficial, a Secretaria De Relações Internacionais do PCdoB disse condenar “energicamente o golpe perpetrado contra o legítimo presidente da Bolívia, Evo Morales” e prestou solidariedade ao povo do país.

O líder do PSOL Guilherme Boulos seguiu a mesma linha e disparou críticas à oposição do país. “A quartelada boliviana virou golpe militar. E isso depois de Evo ter aceitado a convocação de novas eleições Inacreditável que em 2019 a América Latina volte a viver cenas de 50 anos atrás. Onde está agora a OEA, tão ‘preocupada’ com a democracia boliviana? Não ao golpe”, declarou Boulos, que também é um dos líderes nacionais do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST).

Internacional

Os protestos e manifestações de solidariedade a Morales e à população do país vizinho vieram também de outros chefes de Estado, como é o caso de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Via Twitter, ele disse condenar o “golpe de estado” contra Morales, a quem chamou de “irmão”. “Os movimentos sociais e políticos no mundo nos declaramos em mobilização para exigir a preservação da vida dos povos originários bolivianos vítimas de racismo”, destacou.

O presidente cubano Miguel Díaz-Canel também se solidarizou com Evo Morales. Os dois países mantém forte relação política. O mandatário repudiou o que chamou de “estratégia golpista opositora que começou na Bolívia, que custou mortes, centenas de feridos e manifestações condenáveis de racismo contra os povos originários”.

Em outra manifestação de solidariedade vinda de Cuba, o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, disse que a chancelaria de Havana “condena energicamente o golpe de Estado na Bolívia”. “Nossa solidariedade com o irmão presidente Evo Morales, protagonista símbolo da reivindicação dos povos originários de nossa América”, disse Rodríguez, convocando ainda uma “mobilização mundial pela vida e pela liberdade de Evo”.

Já a ex-presidenta da Argentina Christina Kirchner adotou um tom de ironia e afirmou que “manifestações violentas sem nenhum tipo de limitação por parte das forças policiais incendeiam casas e sequestram pessoas enquanto as Forças Armadas ‘sugerem’ ao presidente indígena e popular Evo Morales que renuncie”. Ela também cobrou “ações claras em defesa da democracia, independentemente de qual seja a orientação política dos governos que surgem da vontade popular”.

Movimentos populares

Com a frase “ditadura nunca mais”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) destacou a ocorrência de “um golpe militar” e sustentou que “quem deve decidir o futuro de seu país é o povo”. Dirigente nacional da entidade, João Paulo Rodrigues lembrou Simón Bolívar. “Ao mesmo tempo em que as tempestades do golpismo dos Estados Unidos atormentam nossos povos, os ventos da esperança e da luta contra o fascismo e o neoliberalismo ecoam em todos os países”, afirmou, em manifestação feita pelas redes sociais.

A vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Jessy Dayane, também somou sua voz aos protestos contra a oposição boliviana. Ela afirmou que “setores empresariais e as oligarquias racistas e misóginas, que nunca aceitaram as conquistas populares do governo de Evo Morales, vinham numa crescente de violência que se intensificou nos últimos dias, forçando a renúncia de Evo em nome da preservação da vida do povo boliviano”.

Brasil de Fato