Laíre Rosado: Patrimônio Nacional

Comentei, anteriormente, que a eleição de Jair Bolsonaro para presidente da República mostrou que o Brasil é um país politicamente dividido. Esse conflito de ideias deverá perdurar por todo seu mandato e mais algum tempo, se chegar a ser reeleito para o cargo.

Os defensores de Bolsonaro não aceitam críticas, justificam e defendem ardorosamente toda e qualquer medida por ele adotada, mesmo que conflitem com a lógica da situação.

A oposição ainda está atordoada. A prisão de Lula e o desmantelamento de uma estrutura política montada ao longo de praticamente 16 anos de mandatos presidenciais não está resistindo à fúria do governo atual, que denomina essa operação de despetização do Brasil.

O depoimento do ministro Sérgio Moro na Comissão de Constituição e Justiça do Senado foi uma prova dessa situação. Protegido pela maioria dos senadores presentes, Moro não teve dificuldades em rebater os argumentos da oposição.

A radicalização ficou patente com os apoiadores do ministro defendendo que nada houve de errado nos diálogos divulgados pelo site “The Intercept”. A oposição defendeu que os diálogos contidos na gravação desmontam completamente a operação Lava-Jato.

Na Grande Imprensa, a mesma coisa. Alguns afirmando que o ministro Sérgio Moro foi o grande vitorioso. Em sentido contrário, outros atestam que ele saiu enfraquecido e o melhor caminho será a renúncia do cargo até que a polícia federal apure os fatos.

E Bolsonaro? Bem, o presidente declarou que Sérgio Moro é um patrimônio nacional e, portanto, permanecerá no cargo

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante solenidade de assinatura da MP para confisco de bens de traficantes, no Palácio do Planalto.