Laíre Rosado: Nem Dilma nem Temer

O governo Jair Bolsonaro será permeado por incertezas administrativas.

Antes de assumir, o presidente eleito costumava fazer declarações que eram contrariadas pelo próprio Bolsonaro, no dia seguinte, ou, apenas, poucas horas depois.

Nesta semana, enviou ao Congresso projeto de lei dando autonomia total ao Banco Central.

Ontem, os liberais foram surpreendidos com a informação de que o presidente da República havia telefonado ao presidente da Petrobras para desautorizar um anunciado aumento no preço do óleo diesel.

A repercussão foi imediata e teve, como primeira consequência, prejuízo superior a R$ 32 bilhões, queda das ações da estatal na bolsa de valores e a valorização do dólar. Mais grave ainda pode ser considerada a quebra de confiança entre os empresários e o presidente da República.

No Governo, questiona-se o desprestígio do ministro da Economia, Paulo Guedes. Considerado um superministro, Guedes encontra-se em viagem pelo exterior. Não foi consultado sobre a decisão, nem sequer informado da determinação presidencial.

O ministério de Minas e Energia, a quem a Petrobras está vinculada, divulgou nota negando a interferência do Executivo na empresa, mas o próprio presidente Bolsonaro assumiu ter ligado para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para questionar o aumento.

De resto, é esperar que o Governo consiga encontrar uma diretriz em relação às metas administrativas.

Nos bastidores, comenta-se que Bolsonaro não quer ser chamado uma “Dilma de calças”, a ex-presidente Dilma baixou o preço dos combustíveis, gerando enorme prejuízo à estatal,  nem comparado a Temer que mostrou incompetência ao não conseguir evitar a greve dos caminhoneiros.