José Cordeiro Filho – Wilson Bezerra de Moura

É por demais interessante observar que Mossoró sempre foi o centro de tudo e de todas as coisas naturalmente, por ser uma cidade central da Zona Oeste do Estado. Sempre que acontece um fenômeno da natureza, a exemplo das grandes secas, os flagelados de outras regiões buscam logo a cidade de Mossoró como trampolim de salvação. Foi o que aconteceu em 1917. Com a seca, vieram muitos “invasores”, e o professor Raimundo Nonato, entre outros, desceu a Serra do Martins, aqui chegou e ficou durante toda sua vida e deu sua parcela de colaboração, em especial na cultura.

Volta e meia, quando nos reportamos ao passado, especialmente ao tratar sobre valorosas pessoas que fizeram a história mossoroense, os movimentos sociais e revolucionários em épocas passadas, o Motim das Mulheres, o primeiro voto feminino com Celina Guimarães, a invasão do bando de Lampião, trazemos para bem perto de nós o maquinista das primeiras locomotivas a vapor, surgidas quando da inauguração da Estrada de Ferro Mossoró a Porto Franco, depois Estrada de Ferro Mossoró-Souza, ligada ao sistema ferroviário do Nordeste.

José Cordeiro Filho em verdade não era mossoroense. Nasceu num lugarejo chamado de Bom Conselho, terras pernambucanas. Veio para Mossoró no ano de 1923, empregou-se na Estrada de Ferro e logo em seguida se integrou aos defensores da cidade contra o banditismo de Lampião, chegando a expulsar o grupo de bandoleiros perseguindo em terras cearenses, em regiões de Missão Velha, Orós, Juazeiro do Norte, terra do Padre Cicero, até os quadrilheiros abandonarem por completo a região de Mossoró.

Nesse movimento em combate dos invasores à terra de Santa Luzia, José Cordeiro conta que participou das primeiras negociações entre Virgulino Ferreira exigindo do prefeito Rodolfo Fernandes uma quantia em dinheiro para não invadir a cidade, negociação que não chegou a um acordo, até os momentos de expulsão dos invasores. Defendeu Mossoró como se estivesse defendendo sua terra natal, Bom Conselho, em Pernambuco.

Foi um homem bem conceituado na cidade, especialmente no bairro onde morou por longos anos até sua morte aos 86 anos, depois de longo trajeto de serviços prestados não só como ferroviário, mas em especial na defesa de uma revolução que marcou a história de Mossoró por todos os tempos.