João Café Filho, liderança no passado político – Wilson Bezerra de Moura

Imperou na política nacional, saindo do Rio Grande do Norte como homem humilde, da camada popular, a figura de João Café Filho, jornalista, intelectual de formação, idealista.

De simples funcionário público dos Correios, ingressou na política do Estado como importante vulto, amigo, conhecido de todos, mostrando-se um idealista disposto a abraçar as causas sociais em defesa de uma justa sociedade.

Por sinal, em tempo algum da vida em sociedade surgiu uma liderança feita de acomodamento de vontade pessoal.

A liderança surge a partir do momento em que o indivíduo tem a feliz sorte de se tornar popular e aceito pela comunidade. Foi o caso do jornalista, atuante em sua terra natal, João Café Filho, que tomou a si um ideal libertário como defensor das justas causas sociais, e isso o tornou amigo leal de todos os norte-rio-grandenses.

Ao entrar na política, Café Filho preferiu a corrente que estava mais evidente, o PTB, onde entre os mais destacados estava o saudoso líder político gaúcho Getúlio Dorneles Vargas, foi quando, no ano de 1929, com o aparecimento de uma Aliança Liberal, se estruturou o núcleo cafeísta em Mossoró, composto de comerciantes, professores liberais, jornalistas, industriais, tornou-se um movimento forte e destemido para enfrenar qualquer tipo de oposição. Disse o professor Raimundo Nonato, numa crônica escrita no jornal da cidade, que no princípio da corrente cafeísta em Mossoró foi um deus nos acuda.

Café Filho fez um encontro no Adro da Igreja Matriz com curiosos, entre estes os mais tendidos à corrente particular, a exemplo de José Otávio Pereira Lima, Amâncio Leite, Terto Aires, Joaquim Duarte, Andró Leite, José Luz, Germano Caenga, Thier Rocha, Lula Nogueira, Hermógenes Lucas, pessoas estas bem qualificadas na sociedade mossoroense.

Mais importante é que, inesperadamente, surgiram outras figuras, assim como o comerciante Francisco Vicente da Cunha Mota, o coronel Motinha, ex-Intendente Municipal, que veio a dar outra visão ao encontro. Resultou numa grande festa com orquestra e foguetes, o jornalista Café Filho fez um grande discurso que entusiasmou a todos e deu outra fase de vida política naquele ano de 1929/30.

Dali da Praça da Catedral a comitiva seguiu ao bairro Doze Anos, direto para a casa do cidadão Caboclo Dias, mestre de obras de construções, homem influente, momentos em que tudo se transforma em grande festa.

A influência política de Café Filho na cidade nasceu desse encontro no Adro da igreja matriz e serviu de estrutura aos ideais dos oitos adeptos à corrente cafeísta. Uma conquista para a política de Mossoró, que desbravou novas opiniões na busca de uma visão social e política na cidade.