Thadeu Brandão – (In)Segurança Pública e o “consenso” midiático: platitudes a serviço do ilegalismo

Por Thadeu Brandão.

 

Aponto algumas questões acerca da “reportagem” (segue link da reportagem:
http://g1.globo.com/…/natal-tem-alta-de-homicidios-mas-peri…) do programa Fantástico da Rede Globo ontem e que são necessárias para uma compreensão mais séria do problema. Primeiramente, destaco que o nível de platitude e de simplificação da mesma e das autoridades ouvidas é imenso. Por exemplo,  comparar o estado de Santa Catarina que possui IDH absurdamente maior que o nosso, também o é. 

Outro ponto: a questão de sempre relacionar a violência letal-intencional do RN com “guerra de facções” (que, estranhamente, era negado até janeiro de 2017) é outro simplismo. A questão como um todo envolve infraestrutura policial (inteligência e pessoal) e políticas públicas, também.
Obviamente, há uma correlação entre investimento em segurança e políticas públicas e o crescimento da violência no NE e o decréscimo no Sudeste e no Sul. Ao mesmo tempo, isso se relaciona com a migração das redes criminosas e o esfacelamento do Sistema Prisional. Nada isoladamente pode ser pensado e é isto que vem sendo feito.

Ao mesmo tempo, sobre a questão de “quem morre” no RN (e no Brasil), há uma verdadeira “ideologia justificadora do extermínio” em voga. Constitui-se numa forma de “combate” à “insegurança pública” (pública e cada vez mais privatizada) onde o extermínio em massa de certa população e que é legitimado pela mídia e pela sociedade se impõe. Antes, isso ocorria com as prisões “de averiguação”, etc. 

Como a CF 1988 vedou esse instrumento ilegal, o ilegalismo rumou para o extermínio em si. É uma tese que estou ainda desenvolvendo.
Daí a ideologia do “bandido morto” que é reproduzida, sem reflexão alguma, pela mídia e pelos “construtores de opinião”. Não importa que a ampla maioria das vítimas de CVLIs não tenham sequer passagem alguma pelo sistema. Já lhes são imputados a “rotulação” pela autoridade local e basta.

São vários pontos que, ao serem vistos isoladamente, servem ao escrutínio da desinformação e da propagação da violência. 
Quem ganha com isso? Em primeiro lugar, os porta vozes do penalismo e policialismo populista, e sem segundo lugar os donos das empresas privadas de segurança. Quem perde? Os mais de 61 mil mortos por ano no Brasil, além da população ameaçada, amedrontada e seu apoio ao direito e à democracia. No final, perdemos todos.