LAÍRE ROSADO

Arquivos do Vaticano

pio XII

O Papa Francisco chegou para transformar a Igreja Católica. Seu antecessor, Bento XVI, alemão, não teve condições de saúde de executar o projeto. Transferiu-o a Francisco, um sul-americano da Argentina, que tem levado adiante uma guerra que tem como principal adversário, a própria Igreja.

Francisco não se surpreendeu quando tomou conhecimento que haviam pichado ruas do Vaticano e de Roma exigindo o seu afastamento. Sabia a origem do movimento. Continuou desafiando seus opositores com medidas saneadoras, sobretudo contra a corrupção, combate à pedofilia e ao abandono de filhos que têm padres como pais.

Em 2018, na mensagem de Natal, acusou alguns cardeais de estarem com “alzheimer espiritual”. Foi severo ao falar aos membros do governo da Igreja, condenando as rivalidades, as calúnias e as intrigas dentro da Cúria; “como qualquer corpo humano”, a Cúria sofre de “infidelidades ao Evangelho” e de “doenças que precisa aprender a curar”.

Além de “alzheimer espiritual”, o Papa criticou o “terrorismo do falatório”, “esquizofrenia existencial”, “exibicionismo mundano”, “narcisismo falso” e “rivalidades pela glória”.

Ontem, no Vaticano, o Papa Francisco tomou outra decisão inédita ao determinar a abertura, aos investigadores, dos arquivos da Santa Sé relacionados com o pontificado de Pio XII até à sua morte. Esse período coincidiu com o início e o epílogo da Segunda Guerra Mundial.

Francisco considera que Pio XII desenvolveu esforços para resgatar milhares de judeus das mãos das forças nazis, mas a Igreja Católica foi acusada durante muitos anos de não ter feito tudo o que estava ao seu alcance para impedir ou contrariar este conflito, sobretudo por parte do Estado de Israel.
“Não temos medo da história”, afirmou hoje o Papa Francisco, que entende a abertura dos arquivos como uma oportunidade para clarificar todos os fatos.