Impasse Político Nacional

Eduardo Cunha é consciente que tem os dias contados como presidente da Câmara dos Deputados. É consciente que poderá ter seu mandato cassado antes do período para o qual foi eleito. Tem mostrado jogo de cintura ao se manter no cargo, mesmo enfrentando pressões de todos os lados. Toda essa luta, ao que parece, tem se mantido no desejo de inviabilizar o mandato da presidente Dilma Rousseff. Ao que parece, esse projeto está próximo a ser alcançado. Ontem, finalmente, a Comissão Especial do Impeachment começou a discutir o parecer do relator, deputado Jovair Arantes, pela admissibilidade da denúncia por crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Vana Rousseff.

 

Mesmo sabendo que a decisão final caberá ao Senado, que terá a função de tribunal, o processo caminhou celeremente, com reuniões sendo realizadas até nas sextas-feiras, o que não se constitui fato ordinário na Câmara. Outra demonstração dessa obsessão foi comunicar que a reunião iniciada ontem poderá se prolongar pelo sábado e domingo, desde que haja excesso de oradores inscritos para o debate da matéria. Depois de acordo, foi estabelecido 3 horas da manhã do sábado, retornando na segunda-feira. Também não haverá mais espaço para o advogado de defesa que terá que apresentar suas teses na fase processual no Senado.

 

Na votação do impeachment do ex-presidente Collor de Mello, toda bancada do RN votou pelo seu afastamento:   Aluísio Alves, Henrique Eduardo Alves e Laíre Rosado (PMDB); Flávio Rocha e Fernando Freire (PL); Iberê Ferreira e João Faustino (PSDB) e Ney Lopes (PFL). No processo atual, a bancada está dividida entre votos a favor e contra o impedimento da presidente Dilma. A previsão é que votarão a favor da presidente os deputados Beto Rosado, PP,  Fábio Faria, PSD,  e Zenaide Maia, PR. Pelo impeachment deverão votar Rogério Marinho, PSDB, Walter Alves, PMDB, Felipe Maia, DEM, Antônio Jácome, PMN e Rafael Mota, PSB.

 

Aprovado na Comissão, como se espera, o relatório será votado em plenário. Governo e oposição jogam todas suas fichas. A presidente é acusada de negociar cargos e ministérios para conseguir votos favoráveis. Em resposta, os governistas alegam que o senador Romero Jucá está negociando ministérios para um possível governo Michel Temer. Em resumo, estão utilizando a mesma moeda de troca. É possível que, sendo vitoriosa, Dilma não tenha condições de governar por falta de apoio no Congresso. Por outro lado, Temer na presidência pode não receber a adesão necessária para retomar o crescimento nacional. Não se trata de um impasse, mas uma situação delicada que precisará muita habilidade para superá-la.