Idésio Coelho – Demanda por compliance realça trabalho do auditor

Idésio Coelho

Neste momento no qual o cenário político-econômico brasileiro evidencia que o País precisa avançar em termos de compliance, é importante contar com a experiência dos auditores independentes, cuja atuação pode contribuir de modo significativo. Apesar de não ser uma garantia plena contra a corrupção ou de que ela seja posteriormente detectada, o seu trabalho, baseado nas normas brasileiras e internacionais, visa a uma asseguração razoável, mas não absoluta, de que as demonstrações contábeis das organizações auditadas estão livres de distorções relevantes, independentemente se causadas por erro ou fraude.

Deve-se ressalvar que, mesmo se observando criteriosamente os quesitos técnicos, há um risco inevitável de que algumas distorções das demonstrações contábeis não sejam detectadas. Uma das causas é que o auditor é o primeiro profissional que um gestor mal-intencionado tentará ludibriar, escondendo ou camuflando informações. Ademais, a lei é clara quanto à responsabilidade dos dirigentes de uma empresa pelo estabelecimento de uma estrutura de governança apropriada e a preparação de demonstrações contábeis fidedignas.

Entendidas tais questões, a auditoria independente aumenta o grau de confiança nas demonstrações contábeis, por meio dos procedimentos técnicos realizados, do ceticismo profissional, que é pré-requisito nas qualificações do auditor independente, e da comprovada atualização profissional continuada, exigida pelos órgãos reguladores da profissão.

É por isso que, num cenário nacional em que compliance torna-se palavra de ordem, os auditores incluem-se dentre as profissões com mais oportunidades de trabalho, a despeito da crise. Outro fator favorável à carreira é o fato de as empresas estarem mais atentas às suas estruturas de governança, desde a promulgação da Lei Anticorrupção (nº 12.846/13).

O Brasil precisa resgatar a credibilidade para restabelecer um fluxo consistente de investimentos produtivos, estimular empreendimentos e criar empregos. Para isso, são decisivos todos os fatores, a começar pelo capital humano, capazes de contribuir para a ética, a probidade e a transparência!

Idésio Coelho é o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).