Greve dos caminhoneiros: um exemplo – Wilson Bezerra de Moura

Tenho conhecimento, através da história, ter sido o movimento russo, apelidado de Revolução de 1917, o primeiro movimento de protesto da classe conhecida por trabalhadora tentando conciliar seus interesses frente ao absurdo poder econômico e governamental.

Daí por diante, o governo Getúlio Vargas, com sua equipe eficiente, traçou novos rumos de uma legislação trabalhista com vistas a defender em território brasileiro os direitos da classe operária. Daí então, para nosso deleite, ficou entendido que seria o instrumento adequado em defesa da classe trabalhadora. Criaram-se os sindicatos e estes iriam doravante defender das  garras dominante, capital e poder político os interesses da classe oprimida.

Mero engano. O esquema defensor realmente foi armado, mas, como bem disse o cientista econômico Kall Marx, da batalha firmada entre as duas classes, o capital e a proletária, uma no final venceria. Embora não tenha chegado ao final, já se observa, pelo andar dos acontecimentos, que o capital venceu a luta.

Entendemos perfeitamente que este, como força dominante, na qualidade de esquema armado em defesa do poder politico e econômico, tem força suficiente para denegrir toda e qualquer investida de defesa da classe menos favorecida. Isto acontece com enfraquecimento do poder sindical, com fechamento destes e outras providências que amarram qualquer tipo de interesse da classe operária.

Nos últimos anos, a batalha travada em defesa da classe operária, de seus interesses, nenhuma delas levou vantagem. O que menos aconteceu no lance de suas mínimas instâncias, suspensão da questão salarial, às vezes prisão aos subalternos. O poder público conta com seu verdadeiro aliado opressor, a própria lei, para enquadrar o movimento como arbitrário, com suspensão sobre pressão de qualquer investida proletária contra o poder capitalista.

Os caminhoneiros, tidos como semianalfabetos ou analfabetos, deram um testemunho de civilidade, sem caras pintadas ou qualquer manifestação abusiva, pararam seus caminhões em plena BR, para protestar contra o poder opressor do capital frente aos preços exorbitantes dos combustíveis, que afetam as condições de vida da sociedade.

São os grevistas caminhoneiros, ameaçados de coerção pelo poder público pela justa causa em defesa dos direitos da população brasileira, que sempre ostenta a miséria em seu front, pelas condições precárias impostas pelo poder público.

O destino do homem sempre foi, é e será seu estômago. A necessidade é quem dita seu comportamento frente às adversidades da natureza. E um princípio que o poder constitucional tem por obrigação saber que o estômago dos privilegiados é o mesmo dos pobres e desvalidos da sorte.