Francinaldo Rafael – Uma nova luz

No dia 2 de abril de 1910 o mundo ganhou uma nova luz. Reencarnava em Pedro Leopoldo (MG), Francisco Cândido Xavier, talvez um dos maiores médiuns que a história registra.

Falar sobre a vasta literatura psicografada por ele em mais de 400 obras, ou da permanente doação de si mesmo em benefício dos outros é fácil. Mas sua jornada foi árdua e farta em desafios desde cedo. Órfão de mãe aos cinco anos de idade, surras três vezes ao dia com vara de marmelo, garfos espetados na barriga, obrigado a lamber feridas…

“Orfandade, perseguições rudes na infância, solidão e amargura estabeleceram o cerco que lhe poderia ter dificultado o avanço, porém as providências superiores auxiliaram-no a vencer esses desafios mais rudes e a crescer interiormente no rumo do objetivo de iluminação. Experimentou abandono e descrédito, necessidades de toda ordem, tentações incontáveis que lhe rondaram os passos ameaçando-lhe a integridade moral, mas não cedeu ao dinheiro, ao sexo, às projeções enganosas da sociedade, nem aos sentimentos vis”, narra o Espírito Joanna de Ângelis.

 – Chico Xavier é mesmo uma criatura adorável. Assim que nos recebe, nos deixa à vontade, como se fôssemos velhos amigos, irmãos muito chegados ao seu coração. Tivemos vontade de ficar a vida inteira a ouvi-lo -,  narra Ramiro Gama recordando o primeiro encontro.

– Gostosura! Era assim que eu o chamava, porque era gostoso demais conversar com o Chico e escutá-lo durante horas – dizia Arnaldo Rocha, cujo primeiro encontro com Chico fora impactante.

São amostras colhidas entre os milhares de depoimentos sobre Francisco Cândido Xavier. Permitem uma ligeira compreensão da energia irradiada por ele. Em sua presença, céticos desabavam em lágrimas. Corações doloridos recebiam bálsamos reconfortantes. Rostos desconsolados voltavam a sorrir. Desprovido de bens materiais, milionário em riquezas espirituais.

Porta-voz de Deus? “Uma besta encarregada de transportar documentos dos Espíritos” – dizia ele. Um apóstolo? “Nada disso. Cisco Xavier”. Autodenominava-se um cisco de Deus. Assim, defendia-se do assédio e evitava a perigosa armadilha da vaidade. “Ajudai-vos uns aos outros” era sua receita para todos os males. Tinha Jesus como permanente farol a iluminar seu caminho. Recomendava a oração como aliada constante: “Ninguém pode imaginar, enquanto na Terra, o valor, a extensão e a eficácia de uma prece nascida na fonte viva do sentimento.”

Partiu para o Mundo Espiritual conforme desejava: no dia em que os brasileiros estavam felizes.  Era comemoração da vitória do Brasil na Copa do Mundo. Conforme Joanna “(…) ao desencarnar, suave e docemente, permitindo que o corpo se aquietasse, ascendeu nos rumos do Infinito, sendo recebido por Jesus, que o acolheu com a Sua bondade, asseverando-lhe: – Descansa, por um pouco, meu filho, a fim de esqueceres as tristezas da Terra e desfrutares das inefáveis alegrias do reino dos Céus.”

Um homem chamado amor é a melhor forma de denominá-lo. Seu legado é uma luz que se renova a serviço da humanidade.