Francinaldo Rafael – Professor Rivail e sua gloriosa missão

Condenado pelo Concílio de Constança, Jan Huss  foi queimado vivo numa fogueira em 06 de julho de 1415. Nos dias gloriosos da intelectualidade de Paris, renasce em 03 de outubro de 1804 (Lyon, França) como Hippolyte Léon Denizard Rivail. A começar do berço, recebeu educação primorosa. Desde a juventude, sentiu-se atraído para a Ciência e a Filosofia. Fez os primeiros estudos em Lyon e enriqueceu sua bagagem de conhecimentos em Yverdon, Suíça, com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos. No Instituto Pestalozzi desenvolveu as ideias progressistas do Positivismo, que o colocariam mais tarde no rol dos mais célebres livres pensadores que a Humanidade conheceu.  Voltou à França bacharelado em Letras e Ciências. Em Paris fundou uma instituição de ensino, onde ministrava Química, Física, Astronomia e Anatomia Comparada. Não cobrava daqueles que não podiam pagar, revelando, desde cedo, seu caráter humanitário.

Publicou uma rica série de obras na área de educação, principalmente tratando sobre matemática e gramática francesa. Demonstração de rara versatilidade, iniciando, aos 20 anos de idade, com a edição do Curso Prático Teórico de Aritmética. Várias de suas respeitadas obras foram integradas ao currículo de estudos da Universidade de França. De temperamento cético e sem instinto poético nem romanesco, todo inclinado ao método, à ordem, à disciplina mental, praticava, na palavra escrita e falada, a precisão, a nitidez, a simplicidade, dentro de um vernáculo perfeito, livre de excessos. O filósofo e escritor Camille Flammarion denominou-o de o bom senso encarnado.

Mas, uma surpresa o aguardava. Após cinquenta anos de preparação acadêmica e moral, o professor Rivail seria convocado pela espiritualidade para codificar a Doutrina Espírita. Tendo ouvido falar nos fenômenos das mesas girantes que respondiam as perguntas que lhes eram dirigidas, procurou conhecê-los de perto e analisá-los profundamente. Numa noite, comunicou-se o Espírito Zéfiro, declarando-se seu Espírito Protetor. Confessou-lhe que o houvera conhecido numa existência anterior, no tempo dos Druidas, na Gália, quando Rivail se chamava Allan Kardec. Ao mesmo tempo revelou-lhe a missão para a qual havia sido escolhido. O professor Rivail comparecia a cada sessão com uma série de questões preparadas e metodicamente dispostas; eram respondidas com precisão, profundeza e de modo lógico. Diversos médiuns foram utilizados para confirmação das orientações espirituais. Era indispensável que nada ficasse incorreto, obscuro, duvidoso. Tinha plena consciência do alcance moral da nova doutrina e de sua missão.

Em virtude de seu nome ser muito conhecido e respeitado pela comunidade científica, quando da publicação da obra, o professor Rivail optou por assinar como Allan Kardec. Tal foi o sucesso, que a primeira edição rapidamente se esgotou. Além de O Livro dos Espíritos, organizou também O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno,  A Gênese, livros basilares da Doutrina Espírita.

Hippolyte Leon Denizard Rivail – Allan Kardec – faleceu em Paris, em 31 de março de 1869 aos  65 anos de idade, vitimado pela ruptura de um aneurisma.