Francinaldo Rafael – Organização política no Mundo Espiritual

Em períodos de campanhas eleitorais no Brasil, as cenas são velhas conhecidas: candidatos se digladiam no jogo de palavras, nas propostas para atrair o eleitor. Mas também há aqueles cujas condutas para chegar ao poder não são nada recomendáveis do ponto de vista moral. Alcançado o desejado cargo não há somatórios de esforços entre eles para o benefício das pessoas.  A disputa  continua durante todo o mandato.

No Mundo Espiritual, a organização politica se dá de forma oposta. O trabalho é de união pelo bem comum, conforme narra o Espírito André Luiz através do médium espírita Chico Xavier. Tomemos como exemplo a cidade espiritual Nosso Lar, fundada por portugueses desencarnados no Brasil no século XVI. Nela, o Governador Espiritual é cercado por setenta e dois Ministros, sendo que cada grupo de doze toma conta de um dos seis Ministérios. Algo ainda inimaginável de ser praticado aqui na Terra.

Os Ministérios de Nosso Lar são: da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina. Diz André Luiz que: “Os quatro primeiros nos aproximam das esferas terrestres, os dois últimos nos ligam ao plano de transição, visto que a nossa cidade espiritual é zona de transição. Os serviços mais grosseiros localizam-se no Ministério da Regeneração, os mais sublimes no da União Divina”.

O Governador  é incansável. Quase nunca repousa e sua glória é o serviço permanente cuja assistência carinhosa atinge a tudo e a todos.  Mesmo diante de dificuldades que surgiram em determinado período, convocava os adversários e expunha-lhes de forma paternal os projetos e destacava a superioridade dos métodos de espiritualização. E assim ia ganhando maior número de adeptos. Quando a obra que traz essas informações foi lançada (1944), não fazia muito tempo que haviam comemorado em Nosso Lar os 114 anos da magnífica gestão dele.

Diante desses relatos percebe-se que na Terra o processo de evolução social e política da criatura humana tem sido lento. Conforme comenta o Espírito Otávio Mangabeira, “o tirano tem governado mais do que o sábio. O guerreiro tem estado à frente dos países mais do que o pacificador. Os ditadores dominaram mais povos do que os idealistas. E embora essas lições amargas da História, o ser humano em particular e os povos em geral não aprenderam a eleger os seus dirigentes”.

Mas não podemos desanimar. Afirma Mangabeira que virá o dia “no qual o homem despertará em definitivo para a mudança do próprio comportamento em relação ao próximo, particularmente aquele que assume a governança dos povos, conduzindo altíssima responsabilidade perante a própria como a Consciência Cósmica de que não se evadirá”.