Francinaldo Rafael – Eutanásia não!

Rico e bem sucedido, o jovem Will tinha uma vida intensa. Viagens, esportes radicais, conquistas as mais diversas. Em dia chuvoso, ao atravessar a rua é atingido por uma moto. O acidente deixa-o tetraplégico. Preso a uma cadeira de rodas e com a saúde frágil, dependerá de cuidadores todas as horas. A situação o abala profundamente ao ponto de pensar na possibilidade da eutanásia, prática controlada e assistida por especialistas pela qual se abrevia a vida de um doente incurável.

O fato citado é enredo do filme “Como eu era antes de você”. Mas poderia ser real.

Afinal de contas, alguém tem o direito de abreviar a vida, mesmo em circunstancias dolorosas como essa? Reflitamos à luz da imortalidade.

O Espírito Emmanuel através da psicografia do médium Francisco Cândido Xavier afirma que o homem não tem o direito de praticar a eutanásia em nenhuma situação, mesmo que essa aparente ser medida de caridade. “A agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia incurável pode ser um bem como a única válvula de escoamento das imperfeições do Espírito da vida imortal. Além do mais, os desígnios divinos são insondáveis e a ciência precária dos homens não pode decidir nos problemas transcendentes das necessidades do Espírito”. Em outra oportunidade, tratando novamente do assunto, Emmanuel enfatiza que quando nos encontrarmos diante de alguém que a morte parece cercar, recordemos que a vida prossegue além desse fenômeno de renovação.

O Espírito André Luiz através do referido médium, apresenta o caso verídico de Cavalcanti, que na sua agonia final teve a vida abreviada pelo médico, aplicando-lhe a chamada “injeção compassiva”. Em poucos instantes estava morto, para um espectador comum. Porém, relata André Luiz, que Cavalcanti encontrava-se preso ao corpo inerte e incapaz de qualquer reação. A carga fulminante da medicação, por atuar diretamente em todo o sistema nervoso, atinge os centros do organismo peris­piritual, levando-o a permanecer colado a trilhões de células neutralizadas, dormentes, inva­dido, ele mesmo, de estranho torpor. A separação total do Espírito da matéria, só se deu após vinte horas de trabalho intenso dos operários do Mundo Espiritual.

Orienta André Luiz: “Quando passardes ao pé dos leitos de quantos atravessam prolongada agonia, afastai do pensamento a ideia de lhes acelerardes a morte! Ladeando esses corpos amarrotados e por trás dessas bocas mudas, benfeitores do plano espiritual articulam providências, executam encargos nobili­tantes, pronunciam orações ou estendem braços amigos!”.

E, sabiamente, alerta a todos nós que ainda temos a visão limitada acerca dos traços gerais do ser humano: “…por amor aos vossos sentimentos mais caros, dai consolo e silêncio, simpatia e veneração aos que se abeiram do túmulo! Eles não são as múmias torturadas que os vossos olhos contemplam, destinadas à lousa que a poeira carcome… São filhos do Céu, pre­parando o retorno à Pátria, prestes a transpor o rio da Verdade, a cujas margens, um dia, também vós chegareis!”.