Francinaldo Rafael – A sociedade será o que dela fizermos

Diariamente, veículos de comunicação diversos nos trazem noticiários que falam de violência, corrupção, inversão de valores… Chegamos ao ponto de nos admirarmos quando alguém pratica um ato de honestidade. Vira até manchete nacional!

Parece que a sociedade não tem mais conserto, dizem uns. Mas quando paramos em raros momentos de reflexão íntima, será que algo não nos incomoda? Será que não somos parcialmente responsáveis pelos acontecimentos que nos cercam? Talvez tudo isso que está aí a nos amedrontar, seja resultado de nossas indiferenças ou de acharmos que o argueiro só cai no olho do vizinho.

Em Obras Póstumas, encontramos anotações de Allan Kardec, argumentando que os males da Humanidade vêm da imperfeição das pessoas. É pelos seus vícios que prejudicam umas às outras. E, enquanto forem viciosas, serão infelizes, porque a luta dos interesses molda, sem parar, as misérias.

 Lamentavelmente há aqueles que estacionam durante muitos anos dentro dos quadros emocionais com os quais se satisfazem. Atrasam a própria marcha evolutiva. Atravessarão os portais da morte física, até que reencarnem como um aluno em recuperação na disciplina na qual foi reprovado. A experiência será retomada, para o serviço de purificação.

Reforça Kardec que o progresso geral é a resultante de todos os progressos individuais; mas, o progresso individual não consiste apenas no desenvolvimento da inteligência, na aquisição de alguns conhecimentos. Nisso não há mais do que uma parte do progresso, e essa, não conduz necessariamente ao bem, pois há homens que usam o saber para o mal. O progresso consiste, sobretudo, no melhoramento moral, na depuração do Espírito, na extirpação maus germes que em nós existem. Esse é o verdadeiro progresso, o único que pode garantir a felicidade ao gênero humano, por ser o oposto mesmo do mal.

Boas leis, sem dúvida contribuem para a melhoria social, mas não acabam com as más ações. Não é instituição educativa A ou B que terá o papel definitivo de extinguir os males da sociedade. Apresentam diretrizes, mas o ponto de partida está inteiramente no aperfeiçoamento moral das pessoas. Apenas a lei moral pode penetrar a intimidade da consciência de cada um e reformá-lo. Somente assim mereceremos uma existência harmoniosa, numa sociedade que será exatamente o que dela fizermos.