ÉPOCAS EFERVESCENTES DE UMA HISTÓRIA – Wilson Bezerra

Sim, uma história que se reporta ao passado de uma cultura que floresceu do sentimento de amor à causa intelectual vencendo um desafio de quando o conhecimento era privilégio de poucos. Que o diga o período mais duradouro da fábula do absolutismo de uma fase da humanidade.

Talvez, quem sabe, o mais importante para se estudar e conhecer um pouco mais o ser humano fosse viver em meio às diferenças individuais. Entre elas aprendemos um pouco sobre os modos de agir e proceder entre os caminhos da vida, observando cada passada no caminhar do destino.

O ideal é quando constatamos que as ações são condizentes com sua própria realidade. De princípio vê-se que os pensamentos são diferentes, o que mais chama a atenção ao observarmos a tendência de cada um, isto é, o que o pensamento aponta para uma pretensa ação na consolidação de um ideal.

Quero chegar ao momento de recordação histórica de dois nomes que existiram em nosso meio e que foram motivo incontido de um ideal que contribuiu para o desenvolvimento das letras, da ciência, da arte, do folclore, enfim, das atividades mais ligadas ao desenvolvimento cultural de uma gente, cujo pensamento dominou durante décadas passadas.

No momento de recordação me vem à lembrança os nomes do professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, de cuja família de 21 filhos do farmacêutico Jerônimo Rosado, somente ele buscou, dentro dos anais históricos do desenvolvimento cultural, transformar a vida política, econômica e social de sua terra Mossoró, e assim o fez fundando inúmeras instituições culturais como ICOP, AMOL, F.V.R. e outras instituições de renome na cultura.

A poucos quilômetros de distância da terra de Vingt-un, a cidade de Natal, capital de nosso Estado, nasceu de suas entranhas outra figura de destacado valor intelectual, o professor Luiz da Câmara Cascudo. Com seu infindo questionamento sobre a vida popular de seu povo, expressou seu pensamento verdadeiro e eficaz através de suas aproximadamente 120 obras, 3.200 crônicas, mas o que mais o notabilizou até a morte foi o Dicionário do Folclore, conhecido Internacionalmente.

Câmara Cascudo, em toda sua existência, foi estudando sua terra nos mínimos detalhes, em especial o comportamento social, cultural, artísticos e ações para dali efetivar seus propósitos de institucionalizar uma história que pudesse expressa a verdadeira cultura de sua gente, levando seu estudo ao II Simpósio Latino-americano, em Los Angeles.

Esse um longo estudo por ele empreendido, desde quando Natal era iluminada com lampiões a querosene, sempre olhou com amor a primitiva Rua das Virgens e da Igreja Bom Jesus, onde se batizou, segundo conta a história, pelas mãos do padre João Maria.