Discriminação: Marco de Nosso História – Wilson Bezerra

É admissível acreditar que a questão do preconceito esteja presente em todos os momentos da vida brasileira. Desde sua fase inicial em contato com os primitivos invasores da terra das velhas palmeiras e pau-brasil, da cobiçada riqueza que supunha-se existir, o legado foi o destino de que aqui ficaria a marca eterna da discriminação entre as criaturas.

Os caracteres branco, preto, selvagens, pobres ou ricos seriam as marcas sensoriais do desequilíbrio entre os membros da mesma sociedade, que melhor ascendesse no grupo social, já passaria a ver o semelhante com preconceito social, político, econômico frente à concepção que a comunidade impunha quanto à aquisição de bens.

A partir da desproporcionalidade surgida entre as pessoas, a Sociologia passou a melhor estudar os diferentes aspectos que se destacaram na sociedade e a pesquisa relutante de estudiosos se preocuparam em revelar as causas e consequência das diferenças, que tocou em cheio no estudo sobre o preconceito enraizado no Brasil. Foi o quanto chamou a atenção o chamado preconceito de origem, assim considerado aquele que acolchoou suas origens no primeiro momento de convivência entre nativos e invasores brasileiros à época do descobrimento.

Os que acabavam de chegar traziam no seio a discriminação econômica, porquanto a própria nau de Martim Afonso de Souza guardava na popa traseira um lugar especial para os ricos e majestade, para não se misturarem com os demais passageiros.

O sociólogo e professor da Universidade de São Paulo, Antônio Flavio Pierucci, muito bem conceituava a discriminarão entre as regiões brasileiras, entre nordestinos e sulistas, tomando por base as condições de vida dos habitantes de cada região, em especial a nordestina do semiárido frente às salutares regiões privilegiadas com climas favoráveis a maiores recursos de sobrevivência que assegurava eficaz desenvolvimento econômico, por conseguinte político e social.

Numa entrevista concedida à revista Veja, idos de fevereiro de 1988, ele diz que os pobres são vistos como um problema sanitário frente à percepção das regiões sulistas. É dessa forma que funciona a agudeza política entre as regiões, que, decerto, uns são privilegiados