Dilma sem PMDB

Aconteceu o esperado. O PMDB anunciou o rompimento com o governo apostando na queda da presidente Dilma e posse de Michel Temer na presidência da República. PMDB e PT tiveram convivência conflituosa nos últimos treze anos. Responsabilidade de muitos, inclusive do ex-presidente Lula, que desfez acordo costurado pelo ex-ministro José Dirceu para que o partido tivesse mais espaço político em seu governo. Em outras palavras, tudo tem razão de ser. O rompimento vinha sendo esperado há tempos, precipitando-se após a carta de Temer à Dilma reclamando do tratamento que recebia, como vice-presidente e como presidente do maior partido representado no Congresso Nacional, inclusive ocupando a presidência da Câmara e do Senado.

Em apenas três minutos, a convenção peemedebista aclamou o afastamento do governo. Oficializou o rompimento com Dilma. Temer não compareceu ao ato. O mesmo aconteceu com os ministros do partido e com o senador Renan Calheiros. Este, justificou que, como presidente do Senado, não poderia correr o risco de confundir as posições. O trêfego presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha preferiu participar e aproveitar a oportunidade para fazer declarações políticas do seu interesse.

O senador Romero Jucá foi encarregado de dirigir a convenção relâmpago e a anunciar o esse rompimento. O roraimense não foi poupado pela mídia que lembrou sua trajetória, começando pela presidência da FUNAI, nomeado por José Sarney. Em seguida, foi nomeado governador do estado de Roraima, pelo presidente João Batista Figueiredo. Eleito senador, ocupou a posição de vice-líder do governo FHC, foi ministro do presidente Lula e líder no Senado dos governos Lula e Dilma. Deverá continuar líder ou ministro num provável governo Temer.

Lula tem sido cobrado por correligionários por haver perdido a paciência com Dilma e ter se afastado de uma presidente que não aceitava suas sugestões. A base aliada demorou a entender o processo de desmanche da administração e, ainda hoje, insiste em falar em golpe de estado. O senador José Guimarães acusa Temer de chefe do golpe. O senador Humberto Costa afirmou que se Dilma for substituída Temer será o próximo a cair, pois o PT e os movimentos sociais organizados se encarregarão dessa tarefa. O PMDB se foi. O governo tem que apressar a recomposição de sua base aliada para evitar o retardar o impeachment.