Clubes se posicionam no Dia da Consciência Negra

A cada ano as datas se repetem, mas os clubes de futebol as encaram de outra maneira. Pelo menos no futebol, algumas coisas estão avançando. Neste 20 de novembro, data em que é celebrado nacionalmente o Dia da Consciência Negra, os clubes de futebol pernambucano produziram peças afirmando orgulho de sua história negra e repudiando o racismo.

O Sport produziu um vídeo, com notícias recentes sobre a temática do racismo. A peça coloca casos recentes como os atos racistas contra o atacante Taison, o lateral Daniel Alves e o goleiro Aranha, além da entrevista em que o técnico do Bahia, Roger Machado, fala sobre o racismo como um dos pilares da estrutura social brasileira, carregada de desigualdades. No vídeo, uma voz afirma que “o racismo no Brasil é estrutural, infelizmente está enraizado na nossa cultural, nossas relações e no nosso vocabulário”, seguido de sugestões de frases racistas a serem removidas do nosso dia a dia.

O Santa Cruz publicou uma imagem de Teófilo Batista de Carvalho, o “Lacraia”, um dos fundadores do Tricolor e primeiro negro a atuar no futebol pernambucano, já em 1914. Na figura, a frase “temos orgulho da nossa história”, afirmando na legenda que o clube “lutará eternamente contra qualquer desigualdade racial”. Mais tímido, o Náutico publicou uma imagem com os atletas negros do elenco atual, estampada com a frase “tenha consciência, com racismo não tem jogo”. Na legenda o Timbu escreveu que “não pode existir lugar para racismo numa sociedade que quer ser humana. É preciso falar sobre isso, épreciso agir diferente”.

Grande parte dos principais clubes do Brasil também se posicionou na data. Destaque para o Bahia, que ao falar de racismo institucional, foi além e propôs uma autocrítica, afirmando que também há racismo dentro do clube; e também para o Atlético Mineiro, que publicou um vídeo com seu ex-atacante Reinaldo, que se destacou nos anos 1970 e 1980 e é tido como um dos maiores atacantes brasileiros depois de Pelé. O atacante mineiro costumava comemorar seus gols erguendo o punho direito, em gesto similar ao dos militantes do partido socialista dos Panteras Negras, dos Estados Unidos. Isso incomodava a ditadura brasileira e, apesar da grande fase, fez com que Reinaldo não fosse convocado para a Copa do Mundo de 1982.

 

Brasil de Fato