Clauder Arcanjo: Pílulas para o Silêncio (Parte CXL)

Há uma margem do rio que os olhos não veem, que os braços não alcançam, que o silêncio é o único tributo para os que chegam a ele no barco remado pelo silêncio das águas inumeráveis, tangido pelo barqueiro das almas banidas e, hoje, dessedentadas.

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Acordo na madrugada desta cidade grande, olho para o céu repleto de imensidão e sinto em mim a Licânia pequena e imensa.

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Somos obrigados a ouvir tanto desaforo dos nossos “pretensos líderes”, quando o silêncio lhes cairia tão bem?

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Ontem tentei um verso onde uma rima interna, leonina e faceira, faria de mim um seguidor dos mestres da Poesia. Quando peguei do lápis, ela me escapou, cabotina e ligeira. Enfim, de volta à condição de poetinha aprendiz que sempre fui (e sou).

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Obrigado a descansar, recomendação médica, li um soneto de Baudelaire e uma florada do mal me “encantou”, convencendo-me a seguir viagem, nem tão comportado e prisioneiro assim.

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Tudo aquilo que emerge do pântano da dor trágica — verbo de sangue e floração — tem um quê de alumbramento na tradução do inaudito.

Clauder

Clauder Arcanjo
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