CIGANOS, UMA RAÇA NÔMADE – Wilson Bezerra

Ainda hoje, depois de muitos e muitos anos, me recordo perfeitamente dos ciganos que periodicamente se arranchavam no terreno de seu Manoel de Anália, no mesmo, local onde hoje é Restaurante o LAÇADOR, no Alto de São Manoel.

Essa equipe de homens nômades, ciganos, era capitaneada pelo seu chefe, conhecido já da cidade como o Sargento José Garcia, homem enérgico, inteligente, bem relacionado com as pessoas. Tinha-se conhecimento ser um chefe de tribo bastante autoritário. Todos os ciganos o obedeciam. Lembro-me perfeitamente quando um cigano fazia cara feita para pagar a água que vendíamos a ele, no momento em que falávamos que íamos dizer ao Sargento Garcia, imediatamente ele pagava sem constrangimento. Quer dizer, prova evidente que tinha medo do seu chefe.

Chegavam numa localidade, armavam suas tendas, alojavam-se em suas reservas com a família e ali passavam a conviver dentro de suas limitações. As mulheres normalmente saíam à rua para ler mãos das pessoas, adivinhando o futuro para quem acreditar e faturar algum dinheiro. Os homens se lançavam a fazer negócios, trocar utensílios pessoais, alianças, anéis, jumentos, enfim todo e qualquer negócio faziam para angaria dinheiro para sua sobrevivência.

Os ciganos eram nômades, vida social e política dentro dos parâmetros da sociedade onde normalmente se arranchavam, relacionamento coerente com os princípios da sociedade, que os tratava como pessoas espertas em negócios e por isso cada um tivesse cuidado com eles ao fazer qualquer transação comercial.

Sabemos que essa gente percorreu muitas regiões, imigrando da Índia, passando pela Pérsia e Egito pouco antes do final do primeiro milênio de nossa era. Transitaram pela Europa Setentrional, Ilhas Britânicas, chegaram à África, atingindo até a Espanha, após passarem pelo mundo ocidental, inclusive os Estados Unidos, América do Sul, Antártica, até atingir o Brasil, onde aqui sempre conquistaram bons relacionamentos que os fizeram conviver por todo um tempo entre os brasileiros.

Entre os documentos pesquisados do arquivo de Raimundo Soares de Brito, a língua por eles adotada era o Romani, que facilitava o relacionamento entre os muitos idiomas convividos.

Em terras mossoroenses nunca mais os vimos transitar em nosso meio. Acreditamos existir a raça, porém em outros lugares por nós desconhecidos.