Céus do mundo inteiro brilharam – Wilson Bezerra de Moura

Era precisamente 23h30min quando, inesperadamente, o pensamento tomou conta de minha mente e pensei no motivo de tanta festa e quanto é significativa a alegria que invade a todos que se julgam felizes. Pena que dura pouco esse momento de alucinação. Logo mais se escuta, mesmo no preciso instante fraterno, que espancaram, mataram, depredaram um ser vivo como contesto daquele momento.

Pensei de início, e com base nos festejos anteriores, que tudo era confraria do momento, enquanto tivesse comida e bebida para esquentar os ânimos prevaleciam os abraços, beijos, até porque nesse instante predomina um sonho num futuro promissor cheio de glorias e encantamentos.

Ocorreu-me a ideia de que a confraternização universal obedece a uma tradição histórica professada por nossos antepassados, quando os tempos eram outros, havia paz, concórdia, tranquilidade, fé, esperança e cada um vivia um mundo verdadeiro e humanitário, fiel, prevalecendo o respeito e solidariedade entre as criaturas.

Deu para perceber perfeitamente, mais uma vez, nesse trajeto de observação, que o primeiro de janeiro é bom e agradável e se todos vivessem unidos construiriam uma sociedade igualitária, justa e comprometida, capaz de não só estreitar o relacionamento entre todos, mas edificar um mundo ideal, onde todos sentissem o prazer de viver.

Que bom e salutar, repito, que o abraço fraterno no primeiro de janeiro fosse extensivo por todo ano, cada um se comprometesse em reproduzi-lo aos demais com o mesmo propósito e objetivo, aí sim seria proveitoso aquele momento, porquanto produzia uma nova visão de solidariedade e respeito aos outros.

Era prova evidente de que a claridade que tomou conta dos céus no mundo inteiro tinha deixado uma mensagem que serviria para reerguer o sentimento de fé e esperança no próprio destino da humanidade.

Toda beleza daquele momento festivo do primeiro de janeiro perde a validade quando este não contribui para o engrandecimento da humanidade, passa despercebida claridade dos céus, cai em esquecimento o compromisso assumido naqueles instantes e tudo cai por terra como um castelo de desengano, a partir do momento em que se anuncia que acabaram com a vida de mais um ser humano.