Clauder Arcanjo

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCXLVIII)

Clauder Arcanjo* Nervos expostos ao silêncio num dia insípido Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece. (Clarice Lispector, em Onde estivestes de…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCXLVII)

Clauder Arcanjo* Profecias de um insone Está morta a palavra, Dizem alguns, Mal é proferida. Eu digo que só Então nesse dia Ela começa a vida. (Emily Dickinson, em Duzentos poemas) A palavra, antes de nascer dos lábios…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCXLVI)

Clauder Arcanjo Considerações ocasionais Por arte entende-se tudo que nos delicia sem que seja nosso — o rasto da passagem, o sorriso dado a outrem, o poente, o poema, o universo objetivo. (Fernando Pessoa, em Livro do desassossego)…

Pílulas para o Silêncio (Parte CCXLV)

Clauder Arcanjo* (“Madona Sistina”, de Rafael Sânzio) Sabedoria de balcão Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência. (Fernando Pessoa, em Livro do desassossego) Somava os…

Pílulas para o Silêncio (Parte CCXLIV)

Clauder Arcanjo Entre o Silêncio e Eros “... a desgraça é que foi levado à loucura por Eros, deus pagão, que quanto mais reprimido mais devasta...” (Italo Calvino, em O castelo dos destinos cruzados) Os braços abertos, a boca…

Clauder Arcanjo. PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCXLIII)

No colo do silêncio, não da solidão Aforismos devem ser picos, e aqueles que os ouvem devem ser homens grandes e altos. (Friedrich Nietzsche, em Assim falava Zaratustra) O pequeno Jonas subia em árvores; dizia que, do alto, se vê…

Pílulas para o Silêncio (Parte CCXLII)

Noite longa de um dia longo Há menos sono no mundo agora, as noites são mais longas e mais longos os dias. (Stefan Zweig, em O mundo insone) Enquanto a cidade dorme, eu mastigo a minha insônia. Pedras incômodas, ferrugem nos…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCXLI)

O silêncio no desassossego Teu silêncio exigiu que as minhas palavras cessassem. Desorientado, pus meus olhos nos teus, e eles eram mais silentes ainda. Decidi fazer barulho, mexendo nas gavetas, revolvendo nossos guardados, mas cada…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCXXXIX)

Clauder Arcanjo Por um verso perdido Dormi, nos ventos. Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo — Deus estável. (Guimarães Rosa, em Grande sertão: veredas) O retrato antigo na parede marcada pelos anos. A mobília…

PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CCXXXVIII

A palavra é dúbia; o muro, alto. A raiva veste-se de nova; a pena, antiga. Ergo os braços para os céus, mas as nuvens escondem-me o sol. Tento levantar-me, encontro-me de joelhos, porém a culpa me tiraniza e permaneço atado ao chão frio.…