CARTAS DE CASCUDO A VINGT-UN – (III) – Wilson Bezerra

Passo a rever, e não me canso, as cartas que Câmara Cascudo escreveu a Vingt-un. Cada uma eivada de conhecimentos históricos. Umas relatando acontecimentos naturais de historia, outras retratando valores humanos que fizeram parte dessa contextura.

Nesta carta de agora que conhecemos, de 22 de julho de 1951, Câmara Cascudo enaltece a figura de Jerônimo Dix-sept Rosado Maia, que foi vítima de acidente aéreo em 12 de julho de 1951, quando em pleno exercício do mandato de governador do Rio Grande do Norte sofreu acidente no rio do sal, em plena região sergipana.

“Na missiva, Câmara Cascudo chamava Vingt-un de Sargento Mor, aquele homem que desbrava um lençol de fatos e acontecimentos históricos, retratando o lamentável acidente de Dix-sept Rosado, que ele próprio, Cascudo, diz: ”Uma brutalidade a inesquecível da desgraça.” Foi sim, todo povo cantou os louvores da saudade e tristeza pelo acontecido.

Pois bem, no trágico desastre, além do governador Dix-sept, foram muitos secretários de Estado, entre estes José Gonçalves de Medeiros, Jacob Wolfson, Mário Negócio, Felipe Delgado Costa, que era agrônomo, diretor do Departamento de Agricultura. Não vamos relacionar todos para não tornar nosso trabalho uma matéria pedagógica.

Enfim, na missiva Câmara Cascudo descreve a cruel catástrofe sem desnaturalizar as razões, foi deixando claro que a morte de Dix-sept enlutou um projeto conscientemente elaborado por seus auxiliares. Eram tantos, dizia Cascudo. O vice-presidente Café Filho e Silvio Pedrosa, por exemplo, planejavam um Museu Social do Nordeste, em linhas abrangentes que incluíam  celebridades de nossa  história.

Saibam quanto essas cartas virem e folhearem suas páginas que o surgimento de um propósito cultural acena uma bandeira que resplandece a grandeza de seu povo, sempre voltada para aspectos sociais, políticos, econômicos, fazendo perdurar os ideais específicos de seus bravos patrícios, como foi na batalha em defesa ao bando de Lampião, no motim das mulheres, por fim, em todo e qualquer movimento da historia mossoroense.