Agricultores familiares e movimentos sociais vão às ruas de Mossoró em defesa da convivência com o Semiárido

Nesta quinta-feira (24), famílias agricultoras da região semiárida e movimentos sociais do campo e da cidade vão fazer um ato público na Praça da Igreja do Alto de São Manoel, em Mossoró (RN), a partir das 15h.

O ato público é uma forma de se contrapor ao Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 55 que tramita no Senado Federal e prevê o congelamento dos investimentos públicos em serviços essenciais aos brasileiros por 20 anos. O ato é também um protesto contra o desmonte de toda a estrutura governamental de fortalecimento da agricultura familiar em vigor no Brasil.

De acordo com José Procópio de Lucena, da Coordenação Nacional da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), se aprovada, a PEC 55 vai significar menos alimento na mesa da população do campo e da cidade.

“Serão 20 anos de menos justiça e mais desigualdade, concentração de renda e de terra nas mãos do sistema financeiro e do agronegócio. É uma verdadeira recolonização do Brasil. Por isso a nossa mensagem é a de união do campo e da cidade contra esse retrocesso.”

O ato, denominado “Em defesa do Semiárido e por Nenhum Direito a Menos”, vai reunir cerca de mil pessoas mobilizadas pela ASA, Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude e outras entidades que fazem parte da Frente Brasil Popular.

Os manifestantes sairão em caminhada com destino à Praça do Pax, no centro da cidade. Carregando cartazes, faixas, estandartes, ao som de batucadas, a caminhada irá dialogar com a população por meio de falas, músicas e palavras de ordem, como Semiárido Vivo: Nenhum Direito a Menos.

Ao longo do trajeto, haverá duas paradas, uma da juventude e outras das mulheres, atores com grande força de resistência que vem se fortalecendo cada vez mais. Mulheres e jovens falarão das suas questões e suas reivindicações.

A caminhada se encerra na Praça do Pax onde haverá manifestações e falas públicas das entidades presentes. “É um ato da denúncia, pois pela primeira vez um país diz que quebrou porque tem programas sociais para os pobres, aposentadoria para o trabalhador e a trabalhadora rural, conquistas na educação, mais universidades. E olha que as elites não perderam nada, apenas reduziram o seu ritmo de acumulação”, completou Procópio.

Denominado “Em defesa do Semiárido e por Nenhum Direito a Menos”, o ato integra a programação do IX Encontro Nacional da Articulação Semiárido (EnconASA) que acontece no Hotel Villa Oeste, desde a última segunda-feira (21) e segue até a manhã desta sexta (25).

Com o tema “Povos e Territórios: Resistindo e Transformando o Semiárido”, o EnconASA reúne cerca de 400 agricultores e agricultoras familiares de todos os estados do Semiárido (de Minas Gerais ao Maranhão) e representantes de organizações da sociedade civil que atuam no campo. O evento defende a proposta da convivência com o Semiárido ameaçada pelo projeto político neoliberal que voltou a governar o Brasil.