Agricultor ameaçado após denunciar esquema de corrupção em assentamento

O agricultor José Max Andrade de Melo procurou a redação do jornal O Mossoroense para denunciar ameaças de morte feitas contra ele após ter se recusado a participar de esquema de corrupção envolvendo recursos destinados a projetos em áreas de assentamentos de reforma agrária na região. Ele conta que foi convidado a enviar falsos projetos para órgãos e bancos públicos em busca de recursos sem a aplicação correta do dinheiro.

“Eu me neguei a participar do esquema em que eu pagaria R$ 200 para um técnico elaborar um projeto e daí, como não tem fiscalização nenhuma sobre os projeto, eu poderia usar a verba sem ser no que foi descrito no projeto. Eu sei que isto é corrupção e disse isso. Daí começaram a me ameaçar”, afirma o agricultor.

José Max conta que denunciou o esquema ao Ministério Público (MP) e à Polícia Federal (PF), mas, até o momento, nada teria sido feito. Ele conta que o esquema conta com participação de membros do próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e até mesmo da polícia e classe política.

“Forçaram a minha mãe a vender a minha casa para sair de dentro do assentamento, pegaram meus documentos, sem eu saber e foram ao cartório realizar os trâmites. Também recebi ameaças por telefone, mas, mesmo assim eu continuo denunciando, pois o esquema não pode continuar”, afirma o agricultor.

Contactada, a superintendência do Incra/RN informou que, para saber o que houve no caso de José Max Andrade, será preciso acessar o arquivo em nome do ex-assentado no sistema do órgão e verificar se há registro de ocorrência. A superintendência declarou ainda que, embora o Incra seja responsável pelo acompanhamento dos assentamentos, casos de corrupção envolvendo recursos públicos devem ser denunciados e investigados pela Polícia Federal (PF) e órgãos como o MP.