A Gênese Kardequiana – Francinaldo Rafael

A palavra gênese empregada como substantivo feminino está diretamente relacionado com a formação dos seres, desde uma origem. No masculino, significa o primeiro livro do Pentateuco, onde é apresentada a criação do mundo adornada em simbologias muitas vezes equivocadamente interpretadas.

Em 6 de janeiro de 1868, com base na ciência existente no século 19 ainda embrionária, Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, lançou a obra “A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo”. Trata-se de um livro absolutamente lógico que ora chega ao sesquicentenário.

Explica Kardec na introdução que dois elementos, ou duas forças administram o Universo: o elemento espiritual e o material. Da ação simultânea desses dois princípios nascem fenômenos especiais, que se tornam naturalmente inexplicáveis, desde que se isole um deles, do mesmo modo que a formação da água seria inexplicável, se fosse retirado um dos seus elementos constituintes: o oxigênio e o hidrogênio.

Demonstrando a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo material, o Espiritismo fornece a chave para a explicação de uma imensidade de fenômenos incompreendidos e considerados, em virtude mesmo dessa circunstância, inadmissíveis, por parte de uma certa classe de pensadores. Há nas Escrituras esses fatos e, por desconhecerem a lei que os rege, é que os observadores, nos dois campos opostos, girando sempre dentro do mesmo círculo de ideias. Uns, utilizando os dados positivos da ciência, outros, desprezando o princípio espiritual, não conseguiram chegar a uma solução racional. Essa solução se encontra na ação recíproca do Espírito e da matéria. É exato que ela tira à maioria de tais fatos o caráter de sobrenaturais. Tal a razão por que o Espiritismo conduz tantas pessoas à crença em verdades que elas antes consideravam meras utopias.

Logo no seu primeiro capítulo, a obra prende a atenção do leitor. Tratando das características da revelação espírita, faz uma série de questionamentos profundos. Em sequencia, fala sobre Deus, o bem e o mal, papel da ciência na gênese, astronomia, geologia, gênese orgânica, dentre outros, preparando terreno para aprofundar na gênese espiritual. Tudo num perfeito encadeamento. Após o estudo da gênese espiritual, adentra-se pela teoria dos fluidos, necessário para que se compreenda cientificamente o passe. Na sequencia, explica os milagres racionalmente. Termina apresentando a nova geração e a transição do planeta iniciada no século 19, cujo período será mais ou menos longo, dependendo do livre-arbírtrio dos seus habitantes.

De caráter científico, “A Gênese” nos leva a refletir sobre a necessidade de renovação moral, pois só o avanço nesse viés pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra, pondo um freio nas más tendências. Só ele pode fazer reinar entre a humanidade, a concórdia, a paz, a fraternidade. A inteligência sem senso moral, por inúmeras vezes acaba por abrir portas para os descaminhos.