A corrupção vem de longe

Jornal O Globo

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Se a delação da Odebrecht deixou o futuro da política nacional imprevisível, o passado ficou mais claro: a corrupção da Odebrecht vem desde a década de 1980, pelo menos. Do Sambódromo ao Metrô de São Paulo, passando por ferrovias e pela Avenida Perimetral de Florianópolis, a empreiteira já desfilava vantagens indevidas a pessoas ligadas a Leonel Brizola, Paulo Maluf e outros políticos ao redor do país.

As revelações foram feitas pelo ex-presidente do grupo, Pedro Augusto Ribeiro Novis. Em seu depoimento, o delator tratou de irregularidades praticadas pelo grupo nas décadas de 1980 e 1990 durante a gestão de Brizola, Maluf, Álvaro Dias, Marcelo Miranda, Orestes Quércia, Luiz Antônio Fleury e Esperidião Amim.

“Segundo o colaborador, pessoas ligadas a essas autoridades teriam recebido vantagens indevidas por meio do Setor de Operações Estruturadas”, escreveu Fachin.

O ministro, no entanto, acatou o pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot pelo arquivamento dos pedidos de inquérito nesses casos.

“As aludidas afirmações revelam-se insuficientes a demonstrar a prática de delito criminal, o que afasta o interesse do Ministério Público Federal em dar continuidade ao feito”, decidiu o ministro.

Segundo Janot, além da inexistência de provas apresentadas e tampouco sobre possíveis caminhos para apurar os crimes, não há viabilidade para que se desse andamento a uma investigação formal.

“Ressalto, todavia, que o arquivamento deferido com fundamento na ausência de provas suficientes não impede o prosseguimento das investigações caso futuramente surjam novas evidências”, destacou Fachin.

Sem saber que havia sido citado, o deputado federal Paulo Maluf comemorou na terça-feira que não havia sido citado na lista de Fachin.

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“Também não estou na nova lista e eu já sabia, pois sempre ocupei cargos públicos para trabalhar pelo povo e as obras que fiz são minhas testemunhas de que trabalhei muito. O tempo é senhor da verdade e a população sabe disso. Maluf Faz”, escreveu o deputado.

Confira as irregularidades apontadas por Pedro Novis:

RIO DE JANEIRO

Gestão Leonel Brizola (83/86 – contratos para a realização do Sambódromo e CIEPS)

SÃO PAULO

Paulo Maluf (80/82 – FEPASA, duplicação da Ferrovia Campinas/Santos e Usina Hidrelétrica de Nova Avanhandava)

Orestes Quércia (87/90 – vários contratos com o Metro de São Paulo, Rodovia Carvalho Pinto)

Luiz Antônio Fleury (91/94 – continuidade das obras do governo anterior)

PARANÁ

Álvaro Dias (87/90 – campanha com frustração na obtenção de obras)

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SANTA CATARINA

Espiridião Amin (87/90 – Avenida Perimetral em Florianópolis)

MATO GROSSO DO SUL

Marcelo Miranda (87/90 – contratação de diversos trechos rodoviários no MS)