13º salário: como usar se estiver endividado, equilibrado ou for investidor?

Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin)

A grande maioria dos consumidores – 72% – pretende usar o 13º salário para pagar dívidas. 56% o fará ainda este ano, enquanto 16% reservará a quantia para as contas do início de 2017, como IPTU, IPVA e matrícula escolar, de acordo com pesquisa da Boa Vista SCPC. Os índices indicam que boa parte da população não consegue viver dentro de seu padrão de vida e precisa recorrer a ganhos extras para quitar dívidas.

O comportamento é até natural, uma vez que os índices de endividamento no Brasil são altos. Mas será que essa é a melhor maneira de usar o 13º? Não há problema em destinar parte da renda extra para desafogar o orçamento, no entanto, é preciso planejamento para agir com consciência. O primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro, para conhecer sua situação verdadeiramente e agir da forma mais adequada.

Se estiver endividado ou inadimplente

Antes, vamos saber a diferença entre uma situação e outra: está endividado quem assumiu alguma dívida, como um financiamento, parcelamento no cartão de crédito ou empréstimo pelo cheque especial. Por outro lado, se torna inadimplente aquele não honra o pagamento dessas dívidas, acumulando contas atrasadas.

É interessante que os inadimplentes considerem se não é válido tentar renegociar a(s) dívida(s) com o(s) credor(es) neste final de ano. Antes disso, levante todas as contas e priorize para pagamento as de produtos e serviços essenciais, como energia elétrica, água e moradia, e as de maior incidência de juros, como cheque especial e cartão de crédito.

Considere poupar parte do 13º junto a uma reserva que já tenha para esta finalidade (ou que irá construir nos próximos meses) para ter força para negociar. A outra parte, você pode direcionar para a poupança dos seus sonhos. Isso mesmo, estando inadimplente ou endividado, é muito importante que não deixe de sonhar. Os objetivos serão combustível para a mudança comportamental e organização das finanças.

Se estiver equilibrado financeiramente

Essa situação pode parecer tranquila, mas na verdade é preocupante. Por não ter o hábito de poupar, essa pessoa tende a ficar vulnerável caso aconteça alguma emergência. O ideal é que tenha uma reserva estratégica e poupe para os sonhos, então é válido aproveitar a chegada do 13º salário para mudar hábitos e comportamentos e se tornar alguém que realiza sonhos constantemente.

O ideal é ter no mínimo três sonhos, um de curto prazo – a ser realizado em um ano – outro de médio prazo – entre um e 10 anos – e outro de longo prazo – após 10 anos. Os equilibrados precisam fazer um diagnóstico financeiro por 30 dias, anotando todos os seus gastos, para ver quais pode reduzir ou eliminar para continuar poupando todos os meses.

 

Se for investidor

Para quem já tem o hábito de investir, é importante escolher o melhor investimento para o 13º. Antes, é preciso estabelecer quais sonhos deseja realizar com o valor. Ter educação financeira é poupar para atingir objetivos previamente determinados, como trocar de carro, casa e se aposentar com sustentabilidade financeira, por exemplo. Se não estiverem atreladas a sonhos, as reservas podem acabar sendo utilizadas de forma não planejada.

O investimento ideal é o que esteja atrelado ao período em que deseja realizar o sonho. Para os de curto prazo, o dinheiro será retirado em até um ano, portanto é válido investir em Títulos do Tesouro Direto, por exemplo. Para os de médio prazo, em que os valores ficarão investidos entre um e dez anos, são indicados CDB, Fundo de Investimentos e também Títulos do Tesouro Direto. Já para os de longo prazo, a serem realizados após 10 anos, a previdência privada é bastante indicada.

Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.